Os levantes populares iniciados
no Brasil em Junho de 2013 – uma “brisa” dos levantes em outros continentes
como a primavera Árabe – colocam no cenário nacional uma perspectiva
pré-revolucionária, mas o prefixo “pré” e uma condicionante que deixa muitos
partidos atônitos. Quando se poderia excluir-se esse prefixo?
Muito do que o camarada Trotsky
se pôs a se debruçar sobre os fatos decorridos até a revolução de Outubro de
1917 e suas lições em livro “As Lições de Outubro” podem nos dar bases para
melhor analisar esse momento:
“(...) foi precisamente esta
falta de maturidade que deu aos revolucionários pequeno-burgueses, defensores
dos direitos históricos da burguesia no poder, a possibilidade de dirigir o
povo, pelo menos aparentemente. O que não significa que a Revolução russa
tivesse necessariamente de trilhar a via que na realidade veio a tomar de
Fevereiro a Outubro de 1917.” (Leon Trotsky, As Lições de Outubro)
Com a saída às ruas da população
nas grandes metrópoles do País apresentando a indignação pelas péssimas
condições do transporte público e um aumento monetário de R$0,20, somaram se a essas
muitas outras indignações e no fato dessas massas se posicionarem contra os
governantes – pseudo-esquerda e direitistas – surgiu uma palavra de ordem do
meio dessa massa: “sem partido”, mas pelo fato de ter surgido do meio dela não
quer dizer que é invenção dela, no máximo foi aceito por ela.
Essa posição de “anti-partido”
afetava diretamente os partidos de esquerda – que estão fora da direção estatal
– demonstrando assim uma confusão nessa posição: como ser contra os governos e
rechaçar os partidos que não fazem parte desses governos e que sempre estiveram
nas lutas populares de rua principalmente? Apesar disso, alguns partidos do
campo da esquerda oportunamente – pra não dizer oportunista – ouviram o clamor
das massas e se aliaram a elas para reforçar o coro “sem partido, sem partido,
sem partido...”
A empolgação das mobilizações,
sem direção, ou pelo menos é isso que a direita reacionária queria reforçar
para que o levante tivesse um objetivo não declarado que seria aproveitado por
ela em momento oportuno, pelo desgaste dos governos - também - da burguesia que
estão no poder.
O posicionamento em favor de um
discurso reacionário anti-partido de organizações de esquerda e reforçados com
o argumento de que as organizações têm que se “reinventar” e saber “ouvir” e
“falar a língua das massas”, baixando as bandeiras vermelhas, mas justificadas
por outras siglas: “a nossa é amarela”, mesmo assim as baixou, demonstra o grau
de flexibilização de princípios para se vêem reconhecidos pelas massas
resultando em votos e cargos na estrutura do estado burguês. A nosso ver há o
abandono definitivo de uma revolução socialista, pois as massas não querem um
novo regime, querem esse regime mais humano, como se isso fosse possível.
A constatação de uma crise
existencial de certas organizações que se dizem de esquerda está a cada dia
mais às claras, outra observação que reforça essa afirmação é o fato de alguns
partidos vêem nos atos após as passeatas de quebra de vidraças de lojas,
saques, pichações é uma “amostra” de um sentimento da massa de que é um
movimento anticapitalista, ingenuidade ou mais uma vez oportunismo dessas
organizações?
Voltamos a afirmar, ainda é cedo
para tirar lições de junho, no máximo as mobilizações, nesse momento - contra
os governos e os partidos da burguesia estão sendo questionados pelo povo que a
cada dia se encontra sem educação, sem saúde, sem transporte, etc enquanto seus
governos esbanjam gastos e arrecadação de impostos.
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