Todos os estados brasileiros passam por um momento de total insegurança, seja nas ruas, nas escolas, nos condomínios ou nas favelas. Morar no “asfalto” não significa se isolar dos pontos de violência das periferias. Ao mesmo tempo enquanto espectadores televisivos, sentados no interior de suas casas muitos ficam ligados nos acontecimentos no que se refere a violência urbano, reforçando a banalização da violência desassociada das relações econômicas e sociais da qual a sociedade capitalista desenvolve em seu seio.
No maranhão o panorama é mais assustador. Um Estado com área superior a de muitos países, possui uma grande massa populacional de miseráveis, sem perspectivas alguma de trabalho. Em busca do pão, milhares de maranhenses migram para outras regiões ou países. Outros migram para nossas combalidas cidades, quase sempre forçados pelo próprio estado de pobreza que vive ou por causa da derrota na luta pela terra frente aos latifundiários, aumentando os bolsões de pobreza. Um tempero para a marginalidade.
A violência toma conta do Estado.
Recentes números divulgados por órgãos de segurança estadual comprovam o aumento significativo do estado de “sitio” vivido pelo povo maranhense. Entre muitas causas apontadas para a elevação destes índices está na superlotação de presos nas delegacias ou nos presídios e o baixo número de policiais.
Enquanto acontece às discussões dos problemas, as soluções vêm a passos lentos. Casos de esquartejamento (caso acontecido em Buriticupu), esfaqueamento, espancamento (caso Jerô), estupros, emasculação, são alguns dos últimos casos ocorridos no estado e são pouquíssimos os que tomam notoriedade, a grande maioria fica registrada apenas em números.
A banalização desses crimes e da violência gera o Show Business, a exemplo dos programas policiais matutinos exibidos pelas emissoras em todas as cidades do Maranhão. Em Imperatriz no Maranhão chega-se ao cúmulo de todas os dias se tomar café da manhã assistindo casos reais de assassinatos, esfaqueamentos, acidentes tão “frescos” e “quentes” quanto o pão e o café postos à mesa; com a justificativa de seus apresentadores de que estão “mostrando os fatos como eles acontecem” ou “... de olho em você”. Com pensamentos nada humanistas, alienados de ética jornalista e cultivando no subconsciente do povo que tal informação servirá de alguma forma no dia que se inicia. Apresentadores, emissoras e patrocinadores incentivam a banalização desta violência, chegando mais além, a de formar opinião sobre a atuação dos trabalhadores responsáveis por conviver com esta realidade.
A segurança pública não é um caso perdido. Nós sabemos das dificuldades a serem enfrentadas por quem está no poder e quem tem que tomar as decisões para reverter o atual estado que ela se encontra. Essas soluções não serão resolvidas apenas com construções de novas prisões, aparelhamento dos órgãos de combate ao crime ou com mais policiais.
Combate ao crime e a violência tem que partir de onde é gerado, investindo em educação, cultura, construindo áreas de lazer e esporte para jovens e crianças, dando oportunidades: formação profissional, geração de emprego e renda as populações desempregadas, saúde pública e realizando a socialização da terra através da reforma agrária. O Estado não pode agir de maneira fascista quando cria condições para proliferação da miséria e da violência para depois querer suprimi-los com mais violência. Eliminar os focos que levam a juventude e os homens à prática de delitos, se torna a melhor estratégia, pois deixará de gastar grandes cifras na repressão ao crime. Não podemos esquecer a ressocialização e a reeducação dos homens e mulheres que se encontram sendo submetidos a sessões diárias de torturas físicas e psicológicas nos “calabouços” que se tornaram os presídios e cadeias. A comunidade carcerária não é lembrada como cidadãos, uma por não votarem e outra por não serem “produtivos”. Políticas públicas devem ser implantadas a fim de trazer estes cidadãos ao convívio da sociedade com acompanhamento e oportunidades para que não venha ser forçado à prática de novos crimes.
O exemplo de que a repressão aos atos de violência não tem efeito prolongado basta vermos os GTA´s (Grupos Tático Aéreo), GOE’s (Grupo de Operações Especiais), FORÇA NACIONAL, grupos de elite que são meros dissipadores de violência, isso mesmo, dissipadores. Isto quer dizer que os causadores desta violência ainda se encontram no ar – existindo - e passarão a agirem isolados até que haja a oportunidade de se reagruparem, além do que, nesses grupos de elite não há inteligência nas ações, apenas força bruta, muitas das vezes agindo sob as ordens de governantes que têm nas forças de segurança como o braço armado do Estado. Combate a insegurança vem com uma população confiante em sua polícia e que não aceite conivente os atos de violência praticados ao seu redor.