Há três momentos na vida de um partido
político de esquerda, que correspondem respectivamente a sua criação ou
formação, desenvolvimento ou estado intermediário e chegada ao poder, a
primeira fase resulta tanto do rompimento de um partido anterior de mesma ideologia,
que atingiu o poder renegando sua postura para absorver uma conciliação de modo
a perder sua essência e sua militância ideológica, quanto da própria posição
ideológica ou discordância de táticas e estratégias e neste último caso bem
mais raro. No segundo estágio ou estado intermediário, o partido encontra-se
consolidado no tocante a uma unidade, com forte militância, com grande
aceitação popular, a um passo da transição para o poder político institucionalizado,
em outras palavras o poder adquirido pelo mandato, porém com os primeiros
elementos da fissura política que o fragmentará, enquanto partido de conciliação
ou o firmará, a terceira e ultima fase relacionada diretamente à segunda acontece
necessariamente depois do embate das forças heterogêneas que compõe o partido, que
terá com resultado o avanço da ala mais reacionária e a quebra da linha que o
mantinha atrelado as suas origens e a consequente chegada ao poder ou o seu estagnamento
no segundo estagio. A primeira fase marcada, identificada e capitaneada pelo
purismo ideológico constitui o momento mais importante e difícil para
estruturação e tomada do poder, tendo em vista que e nesse momento que o
partido passará pelo seguinte dilema: crescer e agregar as futuras forças que
irão ser os elementos de seu seccionamento, ou se fechar e incorrer no erro de desaparecer,
portanto, as fases posteriores são resultado direto da sua formação e progresso
inicial, e que a lei de formação dos partidos de esquerda é cíclica, mutável e circunscrita
pelos propósitos políticos de frentes conservadoras e conciliadoras.
Se a formação é um
momento único e de suma importância para desenvolvimento e futuro êxito de um
partido de esquerda, então fica clarividente que a esquerda tem falhado em seu
propósito, precisamente neste momento, seja por formá-lo de maneira a não
ultrapassar as linhas da teoria ,seja por sua incompetência de gestão e maneira
de articulação interna, seja por sua maneira incoerente de gerenciar seus projetos.
As linhas clássicas de formação comunista tem se mostrado ineficientes, tendo
como resultados insanidades e aventuras pelo poder, tornando notório que a
grande desgraça esta em si mesma por está confundido o partido como um fim, e
não um meio para um fim, não percebendo que o grande entrave para a chegada ao
poder reside em sua estrutura hierárquica e suas relações internas de poder, e
que o capitalismo não é o único responsável pela desestruturação e
aniquilamento da esquerda, que a solução para ruptura está em uma nova
concepção de partido, capaz de transformar e arregimentar novas ideias para a
definitiva consecução do comunismo.
Urge então, a
necessidade de um replanejamento dos partidos, considerando que o partido é
apenas um instrumento para executar um trabalho, e que concebido como
ferramenta deve obedecer a todas as leis da composição da mesma: norma da simplicidade,
preceito da clareza, a utilidade e, sobretudo, a eficiência para ter em sua
nova concepção apenas duas partes: uma composta pelos radicais que serão as
barreiras para a não degeneração do partido e que ocuparão as mais altas
posições na hierarquia, de modo a ser uma contenção contra oportunistas e conservadores,
e a outra parte moderada que fará a ligação entre os radicais e os operários, servindo
como negociador, de maneira a não deixar o partido sobre a tutela exclusiva dos
radicais, e limitando o poder dos mesmos e sendo limitado de forma a encontrar o
equilíbrio, desta composição resulta dos vetores de igual módulo absoluto, com
mesma direção e intensidade, todavia em sentidos opostos, de maneira a se anularem,
pois, enquanto os radicais servem ao propósito de manter inalterada a causa ,
os moderados ou negociadores trabalham no sentido de criar vínculos com o povo
e assim como se anulam e se complementam , forçando o partido ao um nivelamento
necessário de forças, de intenções e de horizonte.
A lei cíclica para o
qual os partidos de esquerda se sujeitam, demonstra que eles conservam sua
ideologia inalterada, o que esclarece em primeiro plano, que o motivo para o
seu insucesso encontra-se intimamente ligado as suas estratégias internas, a
suas metodologias de luta, fundamentalmente a sua organização interna, e em
segundo plano que a causa com seu conjunto de ideias, restritamente de ideias,
jamais de práticas, sua parte teórica, suas linhas mestras de princípios,
entendida aqui como marxismo, são menos responsáveis pelo seu eventual fracasso
do que se pensou até agora, levando-se conta que uma grande ideia pautada e
firmada na mais genuína ciência, elaborada sobre a supervisão do mais rigoroso
método cientifico moderno, quando não consumado com sucesso recaí a responsabilidade
sobre seus executores.
Isac Santos, estudante de Administração/UEMA-CESI e militante do PSTU de Imperatriz