segunda-feira, 18 de junho de 2012

Por Claudio Pereira: O mito da pobreza cubana

Há algum tempo, o ex-jogador do flamengo, o sérvio Dejan Petkovic desmentiu ao vivo numa entrevista no programa da Ana Maria Braga muitas das coisas negativas e de cunho ideológico que se fala sobre o socialismo. Durante a entrevista a apresentadora com auxílio de uma “cola” para identificar os países formados a partir da desintegração da antiga Iugoslávia perguntou: _Como era viver num país com tantos problemas?  Petkovic respondeu: Quando eu nasci não tinha problema nenhum. A gente vivia no socialismo. Todo mundo trabalhava, todo mundo tinha salário. Falou que os problemas vieram depois, nos anos 80. Como a entrevista era ao vivo não teve corte. Com seu conhecimento pífio sobre o socialismo, ela não considerou que Petkovic viveu boa parte de sua vida dentro de uma estrutura socioeconômica e política mais democrática, com qualidade evoluída se comparada com a que vivem e viveram a maior parte dos jogadores de futebol profissional do Brasil.

E agora burgueses? Como explicar que aquilo lá não era o inferno que vocês pintavam?

Quanto a Cuba? Como defender esse país que é massacrado unilateralmente no campo ideológico, político e econômico pela burguesia mundial?

Não é tarefa tão complexa como se pensa. É mais fácil do que prevê que político corrupto não vai para a cadeia.

Para tal intento vou comparar indicadores socioeconômicos cubanos não com os do Haiti ou do Quênia, mas com a de três gigantes da economia capitalista mundial: Estados Unidos, Canadá e Brasil. Feito isto, deixo por conta dos jurados a decisão de quem está com a razão.


PAIS IDH ESPEC.VIDA MORTAL.INFANTIL
TAXA ESCOLARIDADE
PIB NOMINAL
CUBA
0,876
78,3
5,1/mil nasc
99,8%
US$ 51,110 bilhões
EUA
0,910
78,2
6,3/mil nasc.
99,0%
US$ 15,065 trilhões
CANADÁ 
0,908
80,7
4,8/mil nasc
99,0%
US$ 1,758 trilhões
BRASIL
0,718
73,5
15,6/mil nasc
90,4%
US$ 2,492 trilhões


Pelos dados supramencionados observa-se que Cuba é superada em termos de qualidade de vida apenas pelo Canadá. Mesmo assim a taxa de alfabetização do Canadá é menor que a cubana. Já a maior economia da terra: os Estados Unidos, só supera Cuba nos quesitos PIB e IDH. Isto não diz muita coisa, pois, um dos fatores para se obter o IDH é o PIB. O PIB brasileiro por exemplo é bem superior ao do Canadá, mas a qualidade de vida da população é bem inferior a do povo cubano. É importante ressaltar que 51% da arrecadação anual de impostos dos Estados Unidos é aplicado em armamentos. Outro fator que não podemos esquecer é que a taxa de alfabetização brasileira engloba uma gama de analfabetos funcionais. No Brasil adotou-se um modelo educacional que demanda forçadamente poucos recursos. Para que isto dê certo é preciso que passe o aluno para frente sem base para cursar a série seguinte. Tempo é dinheiro. Já Cuba, de acordo com os resultados obtidos nos testes de avaliação de estudantes latino-americanos, conduzidos pelo painel da Unesco, lidera, por larga margem de vantagem, nos resultados obtidos pelas terceiras e quartas séries em matemática e compreensão de linguagem.

O município de São Francisco do Conde na Bahia onde há uma refinaria da Petrobras apresentou em 2009 um PIB per capita de R$ 360 815,83. Em que pese este fato, as condições de vida no município se encontram muito abaixo do esperado. Sua taxa de mortalidade infantil está acima do máximo considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde. Não existe tratamento de esgotos no município e o acesso à água encanada chega para apenas cerca de metade da população.

O problema é que o PIB ao passo que possibilita a elevação do IDH, camufla a concentração de renda, coisa que interessa somente a burguesia. Por que Cuba, mesmo com um PIB muito inferior a de alguns estados brasileiros ostenta IDH compado ao dos países capitalistas industrializados? Por que lá o PIB é distribuido de forma inteligente e não é concentrado nos cofres da burguesia capitalista.

Muitos dos organismos oficiais burgueses reconhecem o desenvolvimento cubano. Entretanto, os burgueses, sem argumentos diante dos elevados indices de educação, saúde e respeito ao meio ambiente do povo cubano, apelam de forma ridicula dizendo que não há liberdade de expressão naquele país. Que os direitos humanos são feridos reiteradamente em Cuba. Do que adianta ter 54% da população com grau superior , ter engenheiros se não há pontes para fazer? A primeira coisa a analizar é que os descontentes internamente (em Cuba) são pertencentes ou simpatizantes dos antigos grupos que perderam privilégios e regalias após a revolução. Quanto aos direitos humanos, o que dizer do embargo econômico promovido pelos Estados Unidos há décadas contra Cuba? Só um povo aguerrido, consciente e educado para superar tal pressão. Cuba não tem carrões de última geração para poucos como no Brasil, entretanto conquitou em 2011 o título de único país com desenvolvimento sustentável do mundo. Os Estados Unidos tem uma população extremamente consumista, no entanto é o país que mais polui o planeta. Voce acredita que da Rio +20 sairá algo positivo quanto a medidas imediatas de proteção ao meio ambiente? Natureza para os “civilizados” países capitalistas é fonte de lucro e não fonte de vida.

Para encerrar este pequeno ensaio, lembro que entre os países americanos, Cuba tem o segundo maior desempenho em olimpiadas. Como explicar a um economista burguês como um país onde o esporte não é bilionário é ao mesmo tempo uma potência olimpica?

Eu admiro o povo cubano pela consciência que eles possuem e o ideal de não deixar retornar o modelo injusto que viviam no passado. Infelizmente isto não ocorreu na Ioguslávia. Se não fosse a revolução socialista, este pequeno país da America Central certamente não desfrutaria dos elevados indices de desenvolvimento humano que possui, seria apenas mais um país latino-americano repleto de corrupção, injustiças, altos indices de analfabetismo, violência e pobreza, consumo de propagandas sofisticadas e com uma mídia polarizada formada por burgueses debochando cotidianamente da miséria e ignorância do povo.

Claudio Pereira e Geografo, professor e estudante de Direito da UFPA.

Um comentário:

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  1. “E agora burgueses? Como explicar que aquilo lá [a antiga Iugoslávia] não era o inferno que vocês pintavam?”

    E por que acabou?

    “Quanto a Cuba? Como defender esse país que é massacrado unilateralmente no campo ideológico, político e econômico pela burguesia mundial?”

    E por que a repressão em Cuba? Por que existem os “balseiros”? Por que milhares de cubanos preferem viver nos EUA? E até no Brasil?: lembra-se dos pugilistas cubanos que pediram asilo no Brasil e foram mandados de volta para o paraíso que tentaram abandonar?

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