Por trás deste atraso, desta confusão, encontramos três ilusões. Primeiro, a ilusão de que uma liderança individual incorruptível seria superior a lideranças coletivas. Não surpreende, mas é muito grave, que a saída política mais popular entre aqueles que foram às ruas em São Paulo, no dia 17 de junho, tenham sido Joaquim Barbosa e Marina Silva. Ninguém, nem uma só pessoa, pode salvar o Brasil. A busca de lideranças individuais salvadoras é uma fantasia apolítica. O que nos remete ao pensamento mágico e à ilusão da liderança individual incorruptível, indivíduos com capacidades, supostamente, fantásticas, a la Janio Quadros, ou Fernando Collor. A luta de partidos, ou seja, instrumentos coletivos de representação de interesses de classe, é incontornável nas sociedades urbanas contemporâneas. Não deve existir mais lugar para caudilhos. Vargas é o passsado do Brasil capitalista ainda em transição para a industrialização. À sua maneira, o lulismo, o caudilhismo carismático, foi uma das consequências da degeneração do PT. Trocar um caudilho por outro seria dramático, caminhar para trás.
Segundo a ilusão de que existe uma solução técnica ideal para administrar a sociedade, ou seja, a fantasia positivista da “ordem e progresso”. Como se não existissem soluções técnicas as mais variadas, que respondem a diferentes interesses de classe.
Terceiro, e pior ainda, invertendo as relações entre causas e efeitos, a perigosa ilusão de que o problema seria a corrupção dos partidos sobre o Estado, e não a corrupção do capitalismo sobre os partidos.
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