terça-feira, 18 de junho de 2013

O LUGAR DA PERIFERIA NA NOVA CONJUNTURA POLÍTICA QUE SE ABRE NO PAÍS

As consequências são ainda imensuráveis. O sudeste do país em convulsão social, os trabalhadores e a juventude aos milhares dão as mãos nas ruas. O aumento das passagens de ônibus foi apenas o estopim que fez explodir o tampão que comprimia as lutas socais em nosso país há mais ou menos duas décadas. 

Não tenho os dados, mas arriscaria dizer que esse processo em seu final terá como resultado não somente a redução do preço das passagens de ônibus, mas a diminuição dos conflitos intraperiféricos, o arrefecimento da guerra interna entre a juventude das periferias dos grandes centros urbanos. Toda a energia outrora descarregada em uma guerra autofágica ganha vazão nas ruas, na multidão pacifica, mas enfurecida contra o Estado-classe e isso pode se espalhar por todo o país.

A burguesia ver sua força espiritual questionada em multidões. Um dos seus principais materiais ideológicos, sua mídia comercial, está tendo sua autoridade moral abalada. E agora como defender a repressão se os seus jornalistas também estão na mira do “fogo amigo” do braço de ferro que tanto defendem? Jornalistas reacionários como Luiz Datena e Arnaldo Jabor esgotaram seus repertórios criminalizadores. O último teve que fazer autocrítica pública por ter afirmado que os atos de São Paulo eram coisas de jovens de classe média da USP.

A juventude periferia sai do noticiário policial para entrar no noticiário político, ainda que enfrentando a mesma polícia que os reprimem cotidianamente, já que os direitos humanos não entram nessas localidades. Aliás, onde o PT diz que existe uma classe média emergente, há na verdade o aprofundamento da barbárie capitalista e nela a juventude negra é esvaziada da condição de ser humano. Em Alagoas a possibilidade de um jovem negro ser assassinado é mil vezes maior do que um jovem branco. A função do mito da democracia racial é invisibilizar esse etnocídio. Mas, tal como no Brasil colonial, a humanidade desses jovens é resgatada na rebelião contra o sistema que os colocou nessa situação limite. De bandidos de alta periculosidade viraram baderneiros. Já é algum avanço.

A classe média que não pega ônibus se solidariza com a luta. Trabalhadores formais e informais se veem simplesmente como trabalhadores. O universo letrado e o plebeu das grandes metrópoles estabelecem entre si uma relação de confiança. É dessa solidariedade que a periferia precisa, aquela forjada na luta e não no assistencialismo do Terceiro Setor que educa o povo a não lutar. Nessas lutas, a periferia pode aprender que transformar o lixo da burguesia em luxo é ilusório, socializar o luxo é mais que necessário. 

O inimigo de classe está ficando mais visível, já não precisamos de lupa para enxergá-los. Não tenho dúvidas que novas lideranças, novas canções e novas consciências serão forjadas nessas lutas. Sinto que uma nova situação política pode nascer na periferia, desde que haja intervenção qualificada para isso. As condições estão dadas para que a periferia possa definitivamente encontrar o seu lugar, o da luta política pela superação do capitalismo.

Hertz Dias, professor, milintante do PSTU e CSP-CONLUTAS

FONTE: Blog do PSTU DE IMPERATRIZ

Um comentário:

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  1. Claudio Pereira20 junho, 2013

    O sonífero fétido da burguesia falhou e agora jornalistas farsantes, atores e "artistas" diversos, almofadinhas e parasitas sentiram a pressão da força popular e tentam de todos os jeitos adequar a luta ao interesse da burguesia e quem sabe golpear e levar o mérito de uma luta que nasceu dos trabalhadores e não desses parasitas que vivem do luxo e da concentração de renda. É até cômico, mas o que surgiu de ex-revolucionários nos últimos dias nos programas globais! Eles estão preocupados, tanto que a todo momento pedem para que os manifestantes sejam pacíficos. Por mais que muitos idiotas engulam isso, sabemos que esses parasitas querem mesmo é acomodar e colocar trabalhador contra trabalhador.

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