quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

“ORGANIZAÇÃO” URBANA, UM RETRATO DO APARTHEID SOCIAL

A forma de ocupação territorial no Brasil seguiu a mesma lógica geográfica empregada nos países europeus de uma tradição medieval. Algumas dessas formas podem ser facilmente percebidas nos espaços urbanos das cidades como: São Luís, Grajaú, Barra do Corda e Imperatriz entre muitas outras. Ocorria da seguinte forma, os colonizadores – muitos deles religiosos – escolhiam o ponto mais elevado da cidade para construir uma igreja, descendo o morro em formato elíptico os casarões das famílias mais abastadas da época, em outros casos, essa igreja ficava próximo ao rio, que naquela época era o principal meio de ligação entre as províncias.

Na sociedade moderna a ocupação dos espaços das cidades ainda segue a mesma lógica cada vez mais segregadora, reafirmando a divisão de classe (patrão x empregado/burguesia x proletariado). Muitos são os exemplos da divisão territorial urbana que reflete esse aparthaid social, vamos pontuar alguns desses exemplos que vemos mais explicitamente.

As crescentes construções de prédios verticais para fins residenciais de classe média alta são construídos em áreas estrategicamente pensadas para dar mais comodidade: localização próxima ao centro comercial, acesso (avenidas e ruas com asfalto), infraestrutura de saneamento básico, para alguns, levam em consideração à proximidade de pontos naturais como rios. Em muitos casos o poder público corre para atender essas condições exigidas para garantir essa comodidade, além de concessões ambientais para a construção dos mesmos. Os bairros de alto padrão também usam os mesmos critérios.

Uma lei básica da física diz: “Dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo” (Isaac Newton), então onde estariam as moradias dos trabalhadores de baixa renda? Fácil responder: estão cada vez mais distantes das áreas de lazer – que ficam no centro urbano -, dos órgãos públicos, do centro comercial; Localizadas nas áreas chamadas de periferias e/ou favelas das cidades. Nos últimos anos o governo federal deu início a um programa habitacional que mais parece áreas de concentração do regime nazista – guardados os devidos exageros -, visando o isolamento dos trabalhadores de baixa renda aos bairros cada vez mais distantes. Aos trabalhadores que só tem essa opção para ter uma moradia ficam a cada vez mais vulneráveis no atendimento de serviços públicos como o de transporte público, já tão precário até mesmo nas áreas centrais além do perigo ao terem que transitar por vias de grande tráfego de veículos pesados, como é o caso de Imperatriz.

Na cidade ainda existem grandes áreas no centro da cidade e nas proximidades que estão servindo para a especulação imobiliária, além do que a valorização imobiliária devido aos empreendimentos que têm chegado à cidade torna cada vez mais valioso e estratégico.

Um comentário:

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