quinta-feira, 7 de novembro de 2013

DE UMA IMPERATRIZ DOS “SONHOS“ A UMA IMPERATRIZ REAL

Não diferente do processo de colonização do Brasil através da “necessidade” de pilhagem de outros continentes pelo “velho mundo” – Europa – e do Maranhão desde os tempos das capitanias hereditárias a nossa região e em especial nossa cidade passou por vários momentos de pilhagem, seja pelo ciclo da Madeira, do arroz através dos grandes latifúndios – em grande parte grilada – até a especulação imobiliária e o atual processo de industrialização, se apenas a instalação de uma ou outra empresa pode ser considerado industrialização.

Em um artigo recente o assessor de comunicação do governo Sebastião Madeira/PSDB, Élson Araújo, postou em seu blog mais recente artigo intitulado “Outra Imperatriz” no qual não esconde seu entusiasmo na “evolução” da economia Imperatrizense e mais uma vez procura capitalizar politicamente o que independe de uma gestão – vinda de empresas – no mais quando há interesse ele pode abrir mão de arrecadação para tornar mais atrativo/lucrativo à instalação como acontece em qualquer cidade do Brasil, ficando assim com o ônus social/ambiental a população. Essa propaganda lembra muito Joseph Goebbels (propagandista do governo nazista Alemão) que dizia "Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade"1.

Vejamos, com uma política macro econômica promovida pelo governo neoliberal do PT, com o nome de PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, nos últimos anos que vem liberando aos grandes aglomerados empresariais linhas de créditos através do BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, a exemplo dos recursos liberados em 2011 (cerca de R$ 1,2 bilhão) cujo valor total do aporte seria de R$ 2,2 bilhões para empresa Suzano papel e Celulose2 e, para a hidroelétrica de Estreito o financiamento foi de R$ 2,6 bilhões3 só pra citar dois grandes mais conhecidos e propagados.

Imperatriz é realmente outra? Apesar de ver construções de edifícios pela cidade e conjuntos habitacionais, em áreas de especulação imobiliárias há décadas inclusive com a aparição de decisões judiciais para reintegração de posse como é o caso da Vila Zenira, sendo que a finalidade não é a de reduzir o déficit habitacional histórico mas garantir empreendimento imobiliários – também com linha de crédito de bancos Estatais - para os trabalhadores de até R$1,5 salários, instalação de shoppings vinda de uma indústria e suas “satélites”, instalação de cursos técnicos e superiores e futuramente o de medicina é comprovação de que Imperatriz é outra?

A nosso ver esses empreendimentos mudaram as vidas dos empresários – em primeira ordem – e dos políticos que detém o poder que tornam ainda mais lucrativos seus empreendimentos – em segunda ordem – aos trabalhadores a realidade ainda é a mesma. Mesmo aqueles que estão sendo explorados com salários precarizados com um grau de rotatividade no emprego altíssimo, principalmente na construção civil basta ir aos sindicatos de classe e agências do MTE – Ministério do Trabalho e Emprego para constatar. Os cursos nessa lógica de criar força de trabalho de reserva – dito qualificada – é a garantia de manter entre a classe operária a concorrência, que garante a linha progressiva de redução dos salários.

A promessa de um curso de medicina mudou a realidade da saúde de Imperatriz? Não, e infelizmente ainda vão fazer muita propaganda para enganar a população em cima desse discurso. Só quem não conhece o caminho para que realmente inicie as aulas nessa formação é que já está pensando em fazer a inscrição amanhã. Basta perguntar aos alunos do curso de engenharia de alimentos e enfermagem da UFMA, já instalados no campus avançado do Bom Jesus, se apenas ter um prédio recém inaugurado é suficiente. Só quem não precisa ir num posto de saúde de bairro é que diz que a saúde pública de Imperatriz está melhor, mas ao mesmo tempo, tentam impedir que os defensores públicos tenham a liberdade de adentrar neles como já aconteceu por quem propaga as mudanças.

Não consigo visualizar o que esses empreendimentos que vieram para Imperatriz vêm ajudando ao município resolver seus problemas graves de infraestrutura seja na Saúde, educação, saneamento, etc. O pouco que a prefeitura faz não condiz com o discurso de uma tal “Outra Imperatriz” pelo contrário que vemos é um acirramento de outros problemas comuns em grandes cidades que é cada vez mais o isolamento da miséria para fora do alcance dos olhos das elites, com a expansão da central da cidade os bairros antes periféricos passam ser centrais e assim criando outras periferias mais afastadas geograficamente, isso não significa o fim delas.Outra Imperatriz: todos os bairros com saneamento básico, água encanada, escolas públicas com infraestrutura para a prática de lazer e esporte, postos de saúde com medicamentos, servidores públicos bem remunerados e motivados, uma infraestrutura de vias urbanas que propicie a acessibilidade e mobilidade urbana, transporte público de qualidade com custo baixo, rio Tocantins protegido contra os agentes poluidores (esgoto e industriais), uma gestão que vise o bem estar aos trabalhadores e vulneráveis economicamente e socialmente, etc. Essa Imperatriz não é resultante de um gestor, mas de um povo consciente desses objetivos e organizados em suas entidades civis que discutam e tenham intervenção junto às políticas e ações públicas.



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1-citado em "The Sack of Rome" - Page 14 - por Alexander Stille e também citado em "A World Without Walls: Freedom, Development, Free Trade and Global Governance" - Page 63 por Mike Moore - 2003 (fonte: http://pt.wikiquote.org)

Um comentário:

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  1. Claudio Pereira07 novembro, 2013

    E essa realidade é a mesma nas variadas latitudes e longitudes deste país. Em Parauapebas, por exemplo, o discurso é tão exagerado e falacioso, que na cabeça dos ingênuos, os parcos recursos dos royalties da mineração dariam para pavimentar ruas com ouro e edificar prédios com diamante. A cidade foi a que mais exportou commodities até maio deste ano, mas contraditoriamente passa por uma ferrenha crise de desemprego, ambiental, educacional (greve na rede estadual), moradia, infraestrutura etc. A Vale divulga constantemente seus lucros bilionários e o governo com peninha da mesma, através do BNDES (que tem uma pequena fatia de ações na mesma) concedeu o maior empréstimo da história a uma empresa privada, mesmo depois dela ter sido cobrada na raia judicial por uma divida de 30 bilhões de reais com a receita federal por causa de suas transações no mercado internacional.
    Isto é Pará, isto é Brasil, isto é Maranhão, isto é Imperatriz, isto é Parauapebas. Otimismo mesmo, só na cabeça da burguesia, dos seus puxa-sacos e dos desinformados.

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