Não diferente do processo de
colonização do Brasil através da “necessidade” de pilhagem de outros
continentes pelo “velho mundo” – Europa – e do Maranhão desde os tempos das
capitanias hereditárias a nossa região e em especial nossa cidade passou por
vários momentos de pilhagem, seja pelo ciclo da Madeira, do arroz através dos
grandes latifúndios – em grande parte grilada – até a especulação imobiliária e
o atual processo de industrialização, se apenas a instalação de uma ou outra
empresa pode ser considerado industrialização.
Em um artigo recente o assessor
de comunicação do governo Sebastião Madeira/PSDB, Élson Araújo, postou em seu
blog mais recente artigo intitulado “Outra Imperatriz” no qual não esconde seu
entusiasmo na “evolução” da economia Imperatrizense e mais uma vez procura capitalizar
politicamente o que independe de uma gestão – vinda de empresas – no mais
quando há interesse ele pode abrir mão de arrecadação para tornar mais
atrativo/lucrativo à instalação como acontece em qualquer cidade do Brasil,
ficando assim com o ônus social/ambiental a população. Essa propaganda lembra
muito Joseph Goebbels (propagandista do governo nazista Alemão) que dizia "Uma
mentira repetida mil vezes torna-se verdade"1.
Vejamos, com uma política macro
econômica promovida pelo governo neoliberal do PT, com o nome de PAC – Programa
de Aceleração do Crescimento, nos últimos anos que vem liberando aos grandes
aglomerados empresariais linhas de créditos através do BNDES - Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social, a exemplo dos recursos liberados em 2011
(cerca de R$ 1,2 bilhão) cujo valor total do aporte seria de R$ 2,2 bilhões para empresa Suzano papel e Celulose2
e, para a
hidroelétrica de Estreito o financiamento foi de R$ 2,6 bilhões3 só
pra citar dois grandes mais conhecidos e propagados.
Imperatriz é realmente outra?
Apesar de ver construções de edifícios pela cidade e conjuntos habitacionais, em
áreas de especulação imobiliárias há décadas inclusive com a aparição de decisões
judiciais para reintegração de posse como é o caso da Vila Zenira, sendo que a
finalidade não é a de reduzir o déficit habitacional histórico mas garantir
empreendimento imobiliários – também com linha de crédito de bancos Estatais -
para os trabalhadores de até R$1,5 salários, instalação de shoppings vinda de
uma indústria e suas “satélites”, instalação de cursos técnicos e superiores e
futuramente o de medicina é comprovação de que Imperatriz é outra?
A nosso ver esses empreendimentos
mudaram as vidas dos empresários – em primeira ordem – e dos políticos que detém
o poder que tornam ainda mais lucrativos seus empreendimentos – em segunda
ordem – aos trabalhadores a realidade ainda é a mesma. Mesmo aqueles que estão
sendo explorados com salários precarizados com um grau de rotatividade no
emprego altíssimo, principalmente na construção civil basta ir aos sindicatos
de classe e agências do MTE – Ministério do Trabalho e Emprego para constatar. Os
cursos nessa lógica de criar força de trabalho de reserva – dito qualificada –
é a garantia de manter entre a classe operária a concorrência, que garante a
linha progressiva de redução dos salários.
A promessa de um curso de
medicina mudou a realidade da saúde de Imperatriz? Não, e infelizmente ainda
vão fazer muita propaganda para enganar a população em cima desse discurso. Só
quem não conhece o caminho para que realmente inicie as aulas nessa formação é
que já está pensando em fazer a inscrição amanhã. Basta perguntar aos alunos do
curso de engenharia de alimentos e enfermagem da UFMA, já instalados no campus
avançado do Bom Jesus, se apenas ter um prédio recém inaugurado é suficiente.
Só quem não precisa ir num posto de saúde de bairro é que diz que a saúde
pública de Imperatriz está melhor, mas ao mesmo tempo, tentam impedir que os
defensores públicos tenham a liberdade de adentrar neles como já aconteceu por
quem propaga as mudanças.
Não consigo visualizar o que
esses empreendimentos que vieram para Imperatriz vêm ajudando ao município resolver
seus problemas graves de infraestrutura seja na Saúde, educação, saneamento,
etc. O pouco que a prefeitura faz não condiz com o discurso de uma tal “Outra
Imperatriz” pelo contrário que vemos é um acirramento de outros problemas
comuns em grandes cidades que é cada vez mais o isolamento da miséria para fora
do alcance dos olhos das elites, com a expansão da central da cidade os bairros
antes periféricos passam ser centrais e assim criando outras periferias mais
afastadas geograficamente, isso não significa o fim delas.Outra Imperatriz: todos os
bairros com saneamento básico, água encanada, escolas públicas com
infraestrutura para a prática de lazer e esporte, postos de saúde com
medicamentos, servidores públicos bem remunerados e motivados, uma
infraestrutura de vias urbanas que propicie a acessibilidade e mobilidade urbana,
transporte público de qualidade com custo baixo, rio Tocantins protegido contra
os agentes poluidores (esgoto e industriais), uma gestão que vise o bem estar
aos trabalhadores e vulneráveis economicamente e socialmente, etc. Essa Imperatriz
não é resultante de um gestor, mas de um povo consciente desses objetivos e
organizados em suas entidades civis que discutam e tenham intervenção junto às
políticas e ações públicas.
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1-citado em "The Sack of Rome" - Page
14 - por Alexander Stille e também citado em "A World Without Walls:
Freedom, Development, Free Trade and Global Governance" - Page 63 por Mike
Moore - 2003 (fonte: http://pt.wikiquote.org)
E essa realidade é a mesma nas variadas latitudes e longitudes deste país. Em Parauapebas, por exemplo, o discurso é tão exagerado e falacioso, que na cabeça dos ingênuos, os parcos recursos dos royalties da mineração dariam para pavimentar ruas com ouro e edificar prédios com diamante. A cidade foi a que mais exportou commodities até maio deste ano, mas contraditoriamente passa por uma ferrenha crise de desemprego, ambiental, educacional (greve na rede estadual), moradia, infraestrutura etc. A Vale divulga constantemente seus lucros bilionários e o governo com peninha da mesma, através do BNDES (que tem uma pequena fatia de ações na mesma) concedeu o maior empréstimo da história a uma empresa privada, mesmo depois dela ter sido cobrada na raia judicial por uma divida de 30 bilhões de reais com a receita federal por causa de suas transações no mercado internacional.
ResponderExcluirIsto é Pará, isto é Brasil, isto é Maranhão, isto é Imperatriz, isto é Parauapebas. Otimismo mesmo, só na cabeça da burguesia, dos seus puxa-sacos e dos desinformados.