Outro dia estava assistindo uma
entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso veiculada em um canal de
TV pública, e, em certo momento da entrevista ele afirmou que o desemprego faz
parte da estrutura do sistema capitalista. Um dos jornalistas disse: _ Mas isto
é marxismo. FHC retrucou: _Mas minha formação é marxista. No momento, observei
que um dos entrevistadores se conteve para não sorrir.
Outro dia assisti um
documentário realizado por estudantes da USP intitulado: o Espetáculo
Democrático. Nele aparecem relatos do ex-presidente Lula em momentos distintos
de sua trajetória política. Na corrida presidencial de 1989, ele dizia que não
era apenas inimigo político de Sarney, mas, sobretudo de classe. Em 2002, o
discurso mudou. Para conquistar o “eleitorado” (os burgueses), dizia que sua
candidatura estava fortalecida, pois, agora tinha o apoio de dois
ex-presidentes da República: Itamar Franco e Sarney.
Ontem, vésperas do dia do
trabalho, foi a vez da presidente Dilma Rousseff. Ela fez “duras” críticas ao
abuso de poder econômico dos bancos privados. Disse que os mesmos deveriam seguir o
exemplo dos bancos públicos. Pergunto: que exemplo? Das filas intermitentes?
Das tarifas obscuras e abusivas? Será que a vossa excelentíssima presidente
nunca passou em frente à Caixa Econômica ou do Banco do Brasil nas alvoradas
deste país? É cômico, entretanto constrange, pois o relato da presidente denota
explicitamente quem manda neste país: o capital financeiro.
Enquanto nossos políticos se
movem em permanentes antagonismos, os trabalhadores têm seus direitos
elementares suprimidos. Isto, quando tem trabalho.
Nos grandes centros urbanos, o
mercado informal denota o desemprego que é camuflado por pesquisas e dados
oficiais. A maioria dos trabalhadores é obrigada a passar horas e horas dentro
de veículos de transporte coletivo sem o mínimo de conforto e qualidade, sem
contar as passagens desproporcionais ao ganho mensal dos mesmos. Direito, caro
amigo, nem em tese. Houve uma época que o trabalhador do setor privado desfrutava
de estabilidade no emprego. Isto não existe mais. No setor público, chefes do
executivo, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, desrespeitam a
Constituição Federal se negando a realizar concursos públicos. Ora,
trabalhadores temporários são fragilizados frente aos desmandos e interesses
desses governantes.
Na zona rural, a maioria é
obrigada a conviver com uma estrutura fundiária de modelo colonial (grande
propriedade rural – monocultura – exportação) que beneficia um pequeno grupo de
pessoas. Reforma agrária, só no papel. Quem luta com a Constituição em punho é
marginalizado pela grande mídia.
Como se percebe nossas
“eternas” lideranças políticas sequer presta atenção ou não estão nem aí para o
que dizem. A política do pão e circo está armada. Os governos gastão centenas
de milhões com propagandas carregadas de falso otimismo para iludir e alienar a
massa de trabalhadores assalariados brasileiros. A grande mídia veicula
reiteradamente que há empregos o que falta é mão de obra qualificada. Será?
Outro dia numa matéria exibida em um jornal global, observei uma contradição
grotesca: um jovem não conseguia emprego por falta de experiência. Já uma
senhora que foi entrevistada, também estava na fila do desemprego, mesmo com
experiência e alta qualificação profissional.
Caros leitores, cumprindo o
que determina a Carta Magna no seu artigo 5º, inciso IV que diz: é livre a
manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; coloco a seguir minhas
credenciais:
Claudio Pereira é Geógrafo,
professor e estudante de Direito da UFPA.
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