Vender o "paraíso" escondendo o "inferno" é uma tática comum na propaganda e na política. Recentemente o Brasil foi escolhido como sede dos jogos olímpicos de 2016, que será no Rio de Janeiro, depois de uma bem elaborada peça publicitária que mostra as belezas da natureza, da fisionomia anatômica das cariocas, aterro do flamengo, das praticas de esportes (futebol) nas praias ou no campinho de várzea nas favelas gravadas nos intervalos de outra prática “esportiva” entre policiais e traficantes (tiro ao alvo).
Estive em 2007 no Rio de Janeiro e percebi o mesmo sentimento de banalização da violência - dada as especificidades e a devida proporção - que vemos aqui nas cidades da região nordeste. Lá o maior mal para os moradores não é o trafico de drogas nem o regime ditatorial dos traficantes, pois é vendido aos trabalhadores dessas comunidades uma "segurança" na qual o estado não se importou e, a figura do estado que entra fardado e o veiculo blindado apelidado de "caveirão" é mais temido do que o tráfico, pois os moradores sabem que ao saírem ficará na comunidade um rastro de cadáveres e sangue de seus moradores postos na condição habitantes de um mundo paralelo, que deve ser exterminado para que não invadam o mundo do asfalto.
A segregação social, econômica, geográfica e étnica que encontramos no Rio é uma conseqüência inerente do sistema de produção concentradora da riqueza produzida, somando se a isso, a uma política de estado que prioriza determinadas classes sociais mais elevadas, pois são elas que detêm as formas necessárias para a formação de opinião para a grande massa que muitas das vezes aceitam a justificativa de que os mesmos benefícios não chegaram ainda a eles devido a falta de dinheiro e não que eles serão as ultimas das prioridades desses governantes.
Há entre esses mundos um fator que os unifica, é a promiscuidade sexual, tanto faz nas favelas com os bailes Funks quanto no asfalto em boates do centro da cidade. Essa promiscuidade é conflitante, enquanto os meios de comunicação tentam criminalizar esses bailes Funk típicos do subúrbio carioca essa mesma promiscuidade promovida na alta sociedade carioca é tratada por outro prisma por esses mesmos meios de comunicação.
Quantas vezes não se viu em matérias jornalísticas, chacinas, arrastões, briga entre traficantes, combate entre policia e traficantes do morro – como se todos do morro fossem traficantes -, quantas vezes não se viu ter que pedir permissão aos ditadores do tráfico para que se adentre ao morro? Essas e outras situações demonstram o “buraco negro” que se tornou as grandes cidades.
As drogas é apenas um dos promotores dessa divisão de mundo e/ou sociedade, a falta de políticas públicas promovidas à classe trabalhadora criam zonas proibidas, sejam condomínios de luxo ou favelas urbanas, onde um ou o outro não pode “invadir” o espaço.
A sociedade precisa refletir sobre ela própria, observar que enquanto o discurso é de inclusão, seja social, digital, etc as práticas efetivas são de exclusão. Para os reacionários a justificativa estaria na teoria de Charles Darwin “Seleção Natural”, para mim, é a personalização estatal e capitalista do método de limpeza étnica promovida por Adolf Hitler.
Wilson os bilhões que serão gastos e roubados na copa e olimpiadas seria melhor que o governo construisse escolas e hospitais e a sobra fizesse presidios para prender os corruptos.
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