quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

PT: 32 ANOS, UM PARTIDO CADA DIA MAIS À DIREITA

Metalúrgicos, trabalhadores rurais e movimentos sociais, principalmente os vinculados à igreja católica, que ajudaram a construir, até 2002, a história do Partido dos Trabalhadores, devem estar se perguntando: e agora, como vamos vencer o “patrão” que colocamos para nos explorar?

O PT de hoje não tem nenhum resquício do PT dos anos 80, que arregimentava operários e militantes para defender um projeto de poder dos trabalhadores. E ao longo de mais de três décadas, ainda não completou seu processo de metamorfose, superando um dos piores medos dos verdadeiros revolucionários que era o de se tornarem um partido reformista, transformou-se num partido da ordem burguesa.

Muitos estágios dessa metamorfose estão relatados no livro: PT: de oposição à sustentação da ordem, escrito por Cyro Garcia*. Tudo começa quando os dirigentes do partido deixam de lutar pela transformação social para se dedicar à garantia de riqueza e seus benefícios – prestigio e poder – e, se finda na manutenção desse poderio econômico através de um pacto com a burguesia, onde seu papel é controlar o sentimento de luta dos trabalhadores que ainda os vêem como aliado, em troca de pequenas concessões, enquanto mantém a gerência do capital para a grande burguesia.


“Ensina uma boa escola historiográfica que para explicar o passado e, em especial, para elaborar uma história das idéias políticas dos partidos nas sociedades contemporâneas, é bom admitir que as cabeças acompanhem o chão que os pés pisam. E a direção do PT deixou de pisar nas portas de fábrica, e passou a pisar os tapetes dos parlamentos e dos palácios.” (Cyro Garcia: "PT: de oposição à sustentação da ordem", pág. 21. Editora Achiamé, 2011) Essa afirmação é comprovada na mudança do perfil dos militantes que passaram a ser maioria esmagadora nas instâncias de deliberação e direção do partido ao longo de seus congressos e encontros. Essas mudanças do perfil econômico das direções do partido vieram através da conquistas eleitorais (prefeituras, governos estaduais e presidência), participação em direção de empresas Estatais e Mistas (Banco do Brasil), conselhos administrativos de fundos de pensão (Caixa de Previdência dos funcionários do Banco do Brasil), do FAT e do FGTS. Não foi por coincidência a participação do partido nessas áreas de capital financeiro, cujo dinheiro foi usado também na compra de ações de empresas privatizadas por FHC como a VALE em 1997. O trabalho de Cyro Garcia explica em detalhes melhor essa relação promiscua.
"Admito, é bem melhor ter dinheiro em caixa e não precisar submeter militantes a jornadas heroicas noite adentro. Mas a que preço" Frei Beto. A mosca azul: reflexões sobre o poder. Rio de Janeiro: Rucco, 2006.

Vamos nos ater àquilo que é o PT de hoje: um partido traidor de classe da qual ele surgiu. É hoje um partido social democrata com certa eficiência, conciliador de classe, que chega aos seus 32 anos com a cara de um operário, e todo o resto do corpo (cérebro, alma e coração) da direita nacional e internacional. Há nove anos no poder, tem como aliados de primeira hora, oligarcas como José Sarney e corruptos como Collor de Melo. Um governo infestado de corrupção, onde ministros caem como fruta madura e são substituídos por outros da mesma árvore.

É, o PT e seus dirigentes têm mesmo que comemorar seu 32° aniversário, pois tiveram muitas vitórias no projeto de poder da burguesia sob sua direção e gerência da reprodução do capital sobre a classe trabalhadora. Até quando esse “império” vai durar só o tempo e os trabalhadores dirão.

* Cyro Garcia é formado em Direito pela UFRJ, mestre em História pela UFF, doutor pela UNIABEU-RJ. Participou da fundação do PSTU atualmente dirigente nacional do Partido e da CSP-CONLUTAS.

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