terça-feira, 12 de junho de 2012

Por Mayron Régis: Na Chapada, os caminhos se desvariam


O caminho, elocubrava-se.  A chuva se revirava sobre as comunidades do Pólo Coceira. Com a chuva a noite se escurecera mais do que o costume. As pessoas se consternaram com a possibilidade da chuva se repartir em várias. O cenário se multiplicara em dois ou mais números. Eles saíram da comunidade de Vertentes e nada viam além da escuridão. O que eles andavam atrás se anunciava? Na Chapada os caminhos se desvariam e algo naquela chuva os empurrava noite adentro sem que soubessem em que haviam se metido.
  
O povoado de Vertentes dista uns quarenta e poucos quilômetros da sede do município de Santa Quitéria, Baixo Parnaiba maranhense, que se limita com os municípios de Brejo, Milagres, Anapurus, Santana, São Bernardo, Barreirinhas, Tutóia e Paulino Neves.

As oligarquias locais anularam o leste maranhense para disporem dele a seu bel-prazer. A expressão “a seu bel-prazer” parece deslocada quando se quer distinguir algum grupo por suas características mais elevadas.
É verdade que os agentes literários de plantão se esforçam ao máximo para limpar a barra das oligarquias, contudo a expressão “a seu bel-prazer” se adequa, perfeitamente, a uma miríade de pessoas que ao longo do tempo pouco ou nada fizeram pelo povo por nenhuma razão em especial a não ser a falta de escrúpulo e o gosto pelo ganho fácil.

Cada grupo tem seu espaço e afirma-se nesse e a partir desse espaço que pode ser físico ou social. As relações entre grupos políticos ou de interesses não se confortam dentro de um plano mais geral. E chegam a conflitar por mais espaço.

As Chapadas de Santa Quitéria, São Bernardo e Barreirinhas exemplificam bem os conflitos por mais espaço como se fosse possível criar mais espaço físico onde não há mais. As empresas de reflorestamento como a Suzano e a Margusa planejam aumentar suas áreas de plantio de eucalipto justamente em áreas que as comunidades se valem para o extrativismo de frutas e para a retirada de madeira. Essas são áreas públicas com as quais as comunidades deveriam ser favorecidas plenamente em programas de regularização fundiária.

As recentes decisões da justiça maranhense favoráveis a posse das Chapadas pelas comunidades em contraponto aos interesses da Suzano Papel e Celulose referendam essa concepção. As decisões favoreceram as comunidades de Bracinho, cujo território avança em mais de três mil hectares, e do Polo Coceira, cujo território avança em quase sete mil hectares. As duas comunidades fazem parte do município de Santa Quitéria.

A comunidade de Vertentes pretende regularizar cinco mil hectares. Segundo o Iterma, o órgão não pode atuar nesse caso porque são terras de ausentes, ou seja, não há donos e nem documentos. Só que a Suzano, nos seus tempos de Paineira, obteve quatro documentos que comprovariam a titularidade da terra. 

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