quinta-feira, 3 de maio de 2012

Por Claudio Pereira: “Nossos” lideres políticos e seus devaneios


Outro dia estava assistindo uma entrevista do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso veiculada em um canal de TV pública, e, em certo momento da entrevista ele afirmou que o desemprego faz parte da estrutura do sistema capitalista. Um dos jornalistas disse: _ Mas isto é marxismo. FHC retrucou: _Mas minha formação é marxista. No momento, observei que um dos entrevistadores se conteve para não sorrir.

Outro dia assisti um documentário realizado por estudantes da USP intitulado: o Espetáculo Democrático. Nele aparecem relatos do ex-presidente Lula em momentos distintos de sua trajetória política. Na corrida presidencial de 1989, ele dizia que não era apenas inimigo político de Sarney, mas, sobretudo de classe. Em 2002, o discurso mudou. Para conquistar o “eleitorado” (os burgueses), dizia que sua candidatura estava fortalecida, pois, agora tinha o apoio de dois ex-presidentes da República: Itamar Franco e Sarney.

Ontem, vésperas do dia do trabalho, foi a vez da presidente Dilma Rousseff. Ela fez “duras” críticas ao abuso de poder econômico dos bancos privados.  Disse que os mesmos deveriam seguir o exemplo dos bancos públicos. Pergunto: que exemplo? Das filas intermitentes? Das tarifas obscuras e abusivas? Será que a vossa excelentíssima presidente nunca passou em frente à Caixa Econômica ou do Banco do Brasil nas alvoradas deste país? É cômico, entretanto constrange, pois o relato da presidente denota explicitamente quem manda neste país: o capital financeiro.

Enquanto nossos políticos se movem em permanentes antagonismos, os trabalhadores têm seus direitos elementares suprimidos. Isto, quando tem trabalho.

Nos grandes centros urbanos, o mercado informal denota o desemprego que é camuflado por pesquisas e dados oficiais. A maioria dos trabalhadores é obrigada a passar horas e horas dentro de veículos de transporte coletivo sem o mínimo de conforto e qualidade, sem contar as passagens desproporcionais ao ganho mensal dos mesmos. Direito, caro amigo, nem em tese. Houve uma época que o trabalhador do setor privado desfrutava de estabilidade no emprego. Isto não existe mais. No setor público, chefes do executivo, seja no âmbito federal, estadual ou municipal, desrespeitam a Constituição Federal se negando a realizar concursos públicos. Ora, trabalhadores temporários são fragilizados frente aos desmandos e interesses desses governantes.

Na zona rural, a maioria é obrigada a conviver com uma estrutura fundiária de modelo colonial (grande propriedade rural – monocultura – exportação) que beneficia um pequeno grupo de pessoas. Reforma agrária, só no papel. Quem luta com a Constituição em punho é marginalizado pela grande mídia.

Como se percebe nossas “eternas” lideranças políticas sequer presta atenção ou não estão nem aí para o que dizem. A política do pão e circo está armada. Os governos gastão centenas de milhões com propagandas carregadas de falso otimismo para iludir e alienar a massa de trabalhadores assalariados brasileiros.  A grande mídia veicula reiteradamente que há empregos o que falta é mão de obra qualificada. Será? Outro dia numa matéria exibida em um jornal global, observei uma contradição grotesca: um jovem não conseguia emprego por falta de experiência. Já uma senhora que foi entrevistada, também estava na fila do desemprego, mesmo com experiência e alta qualificação profissional.
Caros leitores, cumprindo o que determina a Carta Magna no seu artigo 5º, inciso IV que diz: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; coloco a seguir minhas credenciais:

Claudio Pereira é Geógrafo, professor e estudante de Direito da UFPA.

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