domingo, 17 de outubro de 2010

VOTO CRÍTICO: DUAS OPÇÕES, O MESMO DESTINO

Tenho lido alguns textos que fazem uma análise sobre o processo eleitoral do segundo turno, entre os candidatos Dilma Rousseulf (PT) e José Serra (PSDB). Movimentos sociais como MST e MAB, estudiosos locais, apontando para o voto “crítico” que é a escolha entre o pior e o ruim.

Fazendo um processamento dos argumentos utilizados para todos eles, há pontos bastante comuns, até mesmo no que não está escrito. Todos apontam problemas na gestão LULOPETISTAS e apontam que Dilma seria a continuação desse projeto – sem a popularidade do operário nordestino – e com a participação maior da elite brasileira representada pelo PMDB. Serra caracteriza o retrocesso do pouco alcançado nestes oito anos e o retorno das mobilizações dos movimentos sociais e de classe para manutenção de conquistas, por isso o voto mais coerente seria o voto no menos ruim, Dilma.

Respeito muito às opiniões de todos, pois tanto os movimentos sociais, quanto algumas personalidades estão defendendo em algum grau seus próprios interesses. Muitos dos argumentos usados estão alinhados com a idéia reformista do capitalismo, na esperança de que um dia ele se torne “bonzinho” e deixe dividir mais do “bolo”, ou trocando em miúdos: “se não podemos vencê-lo, juntemo-nos a ele”.

Na melhor das apostas podemos pensar que o voto “crítico” em Dilma seria a escolha do melhor adversário para se combater no futuro, mas como se combate um adversário que ameniza a falta de empregos com bolsa família? faz reforma agrária fornecendo cestas básicas a assentados? Abre vagas no ensino superior com PROUNI? Amplia vagas em universidade com REUNI? Gera energia para empresas privadas com dinheiro público do BNDES? Diminui o número de miseráveis dizendo que passaram a ganhar R$250,00? Segue a receita imposta pelo FMI, superávit primário? Engana os que querem ser enganados, que a dívida externa está paga?

Pra mim não é o fato de ter apenas duas opções, que alias, defendem o mesmo projeto neoliberal ou a aprovação do método de exploração do Pré-sal não é uma forma de privatização? A Vale, as comunicações, rodovias não continuam privatizadas?

Não escolherei meu adversário, continuo convicto que ou a revolução é socialista ou não passará de uma caricatura de revolução, aos eleitores dominados pelo poder da mídia que representa os interesses dos dominadores, façam a escolha. Nosso papel deve ser estar sempre de “armas” em punho e aos poucos despertar os trabalhadores que o caminho apontado leva ao abismo.

3 comentários:

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  1. Caro Wilson Leite,

    Respeito bastante sua opção política, mas não posso deixar aqui de fazer algumas ressalvas. Dizer que PT e PSDB têm o mesmo projeto é negar a realidade dos fatos, que são "iguais" é no mínimo negar a história. O PSDB conseguiu se quer dá estabilidade ao real sucateava as entidades públicas e impunha um sistema de privatização das empresas estatais, tornando o mercado mais forte do que o estado e seguindo a risca a cartilha de kayne sobre o estado mínimo. Além do mais, isso é que vem ocorrendo no Brasil desde que me entendo por gente, e é essa a forma de governar que o povo brasileiro conhece. Quebrar esse elo, que persiste no imaginário das pessoas, é muito mais difícil do que você imagina. Veja bem o resultado das eleições no nosso estado, você com sua proposta revolucionária obteve 1.807 votos num estado com mais de 4 milhões de eleitores. O que eu quero deixar bem claro é que não se muda a concepção política de uma nação com um estalar de dedos, não vivemos em um mundo imaginário e o Brasil não tem vocação pra fazer uma revolução imediata. A revolução aqui é lenta com resultados progressista de médio e longo prazo. Nesses curtos 8 anos de PT o que está bem claro é que as instituições públicas estão fortalecidas, os poderes ganham cada vez mais independência e os investimentos sociais estão chegando às classes mais pobres do país. O estado não está do tamanho desejado, mas já começa a ditar certas regras, o que é muito positivo pra se chegar ao socialismo.
    Abraços
    Vilmar Dantas

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  2. POR QUE VOTO NULO NESTE SEGUNDO TURNO

    Hoje sou deputada estadual eleita pelo Psol do Rio de Janeiro, mas antes de
    tudo, sou uma lutadora e organizadora do povo e dos
    trabalhadores. Defino minhas posições políticas
    refletindo as batalhas vividas nas lutas de meu país nos
    últimos 30 anos, por isto o "voto útil" e o "menos pior”
    não balizam minhas posições.

    A estratégia de Sociedade do Psol, confrontada com as
    estratégias do PT e do PSDB, seus Programas, sua Política
    Econômicas inequivocamente idênticas, suas alianças com o
    Capital especulativo, com a Grande Mídia e a deslavada
    Corrupção patrocinada contra os cofres públicos, é meu
    referencial para o Voto Nulo.

    Lamento que setores importantes da Esquerda Brasileira se
    deixem pautar apenas pela agenda fundamentalista, pela
    necessidade de negá-la, e abstraiam que ela foi construída
    por setores burgueses que se escondem por trás de
    diferentes religiões e com ajuda da Grande Mídia, para nos
    manipular à esquerda ou à direita. O Pastor Silas Malafaia está com Serra
    e o Marcelo Crivella está com Dilma, ou ambos não são
    fundamentalistas com as mesmas posições sobre os temas
    sociais e morais que levam uma parte de nós a justificar
    seu "Voto Crítico"?

    De Serra tivemos privatizações, arrocho salarial,
    desmonte do setor público, repressão contra os movimentos
    sociais organizados; De Lula/Dilma tivemos tudo isto, e mais,
    cooptação dos pobres e dos mais importantes movimentos
    Sociais - MST, UNE CUT, etc. - o que impõe um muro a
    capacidade de luta do povo para romper com as amarras
    capitalistas defendidas pelos dois Governos PSDB/PT, que
    são saudados por todos os Imperialistas como duas faces de
    uma mesma moeda.

    Depois de 31 de outubro, o que estará na pauta será a
    Reforma da Previdência aumentando o tempo de contribuição
    dos trabalhadores para 75 anos, serão as Privatizações,
    as concessões vergonhosas do Pré-Sal para as grandes
    empresas internacionais, será a continuidade dos arrochos
    salariais, os acordos com os grandes latifundiários para
    não fazer A Reforma Agrária e continuar desmatando a
    Amazônia; será o loteamento dos cargos públicos entre a
    canalha política burguesa e a crescente corrupção.

    Seja Serra, seja Dilma, esta será a pauta!
    Como sempre pautei minha ação política pelos passos que
    dei no campo das lutas pela construção de uma sociedade
    diferente desta que vivo, não tenho condições políticas
    e morais de fazer esta escolha entre Serra e Dilma, por isto
    Voto, junto com os companheiros do meu coletivo, NULO.

    Respeito o posicionamento de meus companheiros do PSOL que
    fazem outro voto, saúdo a Executiva Nacional, que
    entendendo o processo do Partido, liberou seus militantes
    para expressarem suas opiniões divergentes; mas neste
    momento estou do lado daqueles que não querem ter nenhum
    tipo de compromisso, mesmo que seja crítico, com nenhuma da
    opções que estão colocadas. Quando for a rua novamente
    para defender a Previdência Pública quero estar com meu
    coração livre de arrependimentos para poder ter mais força para lutar.

    Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2010.

    JANIRA ROCHA

    DEPUTADA ESTADUAL ELEITA - PSOL/RJ

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  3. Vilmar Dantas,

    Entre os pontos de vistas, seu e meu, apenas o decorrer dos fatos históricos confirmarão qual estava correto. A tentativa reformista do capital feito pelo PT nestes oito anos deve passsar por muitos outros momentos de crises aí teremos a prova dessa imaginária estabilidade e fortalecimento do poder do estado capitalista que você defende.
    Não tenho ilusões acerca dos processos eleitorais, logo, não serve pra mim de parâmetros para dizer se devemos ou não continuar o debate rumo ao socialismo, pois tenho consciência que é uma discussão inevitável.
    Pena que você também defende a espera por uma condição para a revolução, enquanto isso tenta gerenciar o melhor possível o capital e o pior dizem que acreditam na evolução da consciência do povo nessas condições atuais para tal revolução socialista.
    Falar de independência é incoerente, haja visto, que movimentos sociais e populares reconhecidos do Brasil estão mais que dependentes, estão atrelados ao estado reformista do PT.

    No mais te agradeço pelo comentário e por expor seu posicionamento em nosso blog.

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